PARÓQUIAS DE NISA
Domingo, 30 de dezembro de 2018
Domingo, 30 de dezembro de 2018
Domingo da Sagrada Família
Ofício da Festa
DOMINGO
dentro da Oitava do Natal
Sagrada Família de Jesus, Maria e
José – FESTA
Branco – Ofício da festa (Semana I do Saltério). Te Deum.
+ Missa própria, Glória, Credo, pf. do Natal.
L 1 Sir 3, 3-7. 14-17a (gr. 2-6. 12-14); Sal 127 (128), 1-2. 3. 4-5
L 2 Col 3, 12-21
Ev Lc 2, 41-52
ou:
L 1 1 Sam 1, 20-22. 24-28; Sal 83 (84), 2-3. 5-6. 9-10
L 2 1 Jo 3, 1-2. 21-24
Ev Lc 2, 41-52
* Proibidas as Missas de defuntos, excepto a exequial.
* No Carmelo da Sagrada Família (Moncorvo) – Sagrada Família de Jesus, Maria e José, Titular do Carmelo – FESTA
* Na Congregação da Divina Providência e Sagrada Família (Braga) – Sagrada Família de Jesus, Maria e José, Titular da Congregação – FESTA
* II Vésp. da festa – Compl. dep. II Vésp. dom.
Branco – Ofício da festa (Semana I do Saltério). Te Deum.
+ Missa própria, Glória, Credo, pf. do Natal.
L 1 Sir 3, 3-7. 14-17a (gr. 2-6. 12-14); Sal 127 (128), 1-2. 3. 4-5
L 2 Col 3, 12-21
Ev Lc 2, 41-52
ou:
L 1 1 Sam 1, 20-22. 24-28; Sal 83 (84), 2-3. 5-6. 9-10
L 2 1 Jo 3, 1-2. 21-24
Ev Lc 2, 41-52
* Proibidas as Missas de defuntos, excepto a exequial.
* No Carmelo da Sagrada Família (Moncorvo) – Sagrada Família de Jesus, Maria e José, Titular do Carmelo – FESTA
* Na Congregação da Divina Providência e Sagrada Família (Braga) – Sagrada Família de Jesus, Maria e José, Titular da Congregação – FESTA
* II Vésp. da festa – Compl. dep. II Vésp. dom.
SAGRADA FAMÍLIA DE JESUS, MARIA E
JOSÉ
Foi no quadro comum duma família humana que se realizou o mistério da Encarnação, pelo qual Deus feito Homem habita entre os homens. É por isso que, neste clima de Natal, a Igreja honra esta família de obscuro artista de aldeia, em cujo seio decorreram os anos íntimos e silenciosos da infância e da juventude de Jesus e que se tornou modelo de toda a família e de toda a sociedade.
Nos nossos dias, passa
a família por transformações profundas, que lhe alteram o rosto que estávamos
habituados a contemplar. Contudo, a comunidade familiar, nascida da instituição
divina que é o matrimónio, mantém todo o seu valor. A experiência dos países,
onde se levou ao máximo a socialização e os estudos da psicanálise mostram a
importância decisiva da família para a vida de todo o homem.
Nesta Família tão santa, quer pelas pessoas
que a integram, quer pela sua singular missão, quer ainda pelo seu género de
vida, têm todas as famílias cristãs um modelo perfeito de amor, de união e paz.
Seguindo-o, os cristãos «superando as dificuldades, proverão às necessidades e
vantagens da família, de acordo com os novos tempos» (GS. 52). E a vida
familiar, assim iluminada e protegida, continuará a modelar os homens à imagem
de Cristo e a encaminhá-los para a família do Céu.
MISSA
ANTÍFONA DE ENTRADA Lc 2, 16
Os pastores vieram a toda a pressa
e encontraram Maria, José e o Menino deitado no presépio.
Diz-se o Glória.
ORAÇÃO COLECTA
Senhor, Pai santo,
que na Sagrada Família nos destes um modelo de vida,
concedei que, imitando as suas virtudes familiares
e o seu espírito de caridade,
possamos um dia reunir-nos na vossa casa
para gozarmos as alegrias eternas.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco, na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Sir 3, 3-7.14-17a (gr. 2-6.12-14)
«Aquele que teme a Deus honra os seus pais»
Leitura do Livro de Ben-Sirá
Deus
quis honrar os pais nos filhos e firmou sobre eles a autoridade da mãe. Quem
honra seu pai obtém o perdão dos pecados e acumula um tesouro quem honra sua
mãe. Quem honra o pai encontrará alegria nos seus filhos e será atendido na sua
oração. Quem honra seu pai terá longa vida, e quem lhe obedece será o conforto
de sua mãe. Filho, ampara a velhice do teu pai e não o desgostes durante a sua
vida. Se a sua mente enfraquece, sê indulgente para com ele e não o desprezes,
tu que estás no vigor da vida, porque a tua caridade para com teu pai nunca
será esquecida e converter-se-á em desconto dos teus pecados.
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 127 (128), 1-2.3.4-5 (R. cf. 1)
Refrão: Felizes os que esperam no Senhor
e seguem os seus caminhos. Repete-se
Ou: Ditosos os que temem o Senhor,
ditosos os que seguem os seus caminhos. Repete-se
Feliz de ti, que temes o Senhor
e andas nos seus caminhos.
Comerás do trabalho das tuas mãos,
serás feliz e tudo te correrá bem. Refrão
Tua esposa será como videira fecunda,
no íntimo do teu lar;
teus filhos serão como ramos de oliveira,
ao redor da tua mesa. Refrão
Assim será abençoado o homem que teme o Senhor.
De Sião te abençoe o Senhor:
vejas a prosperidade de Jerusalém,
todos os dias da tua vida. Refrão
LEITURA II Col 3, 12-21
A vida doméstica no Senhor.
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses
Irmãos: Como eleitos de Deus, santos e prediletos, revesti-vos de sentimentos de misericórdia, de bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, se algum tiver razão de queixa contra outro. Tal como o Senhor vos perdoou, assim deveis fazer vós também. Acima de tudo, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição. Reine em vossos corações a paz de Cristo, à qual fostes chamados para formar um só corpo. E vivei em ação de graças. Habite em vós com abundância a palavra de Cristo, para vos instruirdes e aconselhardes uns aos outros com toda a sabedoria; e com salmos, hinos e cânticos inspirados, cantai de todo o coração a Deus a vossa gratidão. E tudo o que fizerdes, por palavras ou por obras, seja tudo em nome do Senhor Jesus, dando graças, por Ele, a Deus Pai. Esposas, sede submissas aos vossos maridos, como convém no Senhor. Maridos, amai as vossas esposas e não as trateis com aspereza. Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto agrada ao Senhor. Pais, não exaspereis os vossos filhos, para que não caiam em desânimo.
Palavra do Senhor.
ALELUIA Col 3, 15a.16a
Refrão: Aleluia. Repete-se
Reine em vossos corações a paz de Cristo,
habite em vós a sua palavra. Refrão
EVANGELHO Lc 2, 41-52
Jesus é encontrado por seus pais no meio dos doutores
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, pela festa da Páscoa. Quando Ele fez doze anos, subiram até lá, como era costume nessa festa. Quando eles regressavam, passados os dias festivos, o Menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o soubessem. Julgando que Ele vinha na caravana, fizeram um dia de viagem e começaram a procurá-l’O entre os parentes e conhecidos. Não O encontrando, voltaram a Jerusalém, à sua procura. Passados três dias, encontraram-n’O no templo, sentado no meio dos doutores, a ouvi-los e a fazer-lhes perguntas. Todos aqueles que O ouviam estavam surpreendidos com a sua inteligência e as suas respostas. Quando viram Jesus, seus pais ficaram admirados; e sua Mãe disse-Lhe: «Filho, porque procedeste assim connosco? Teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura». Jesus respondeu-lhes: «Porque Me procuráveis? Não sabíeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?». Mas eles não entenderam as palavras que Jesus lhes disse. Jesus desceu então com eles para Nazaré e era-lhes submisso. Sua Mãe guardava todos estes acontecimentos em seu coração. E Jesus ia crescendo em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens.
Palavra da salvação.
Diz-se o Credo.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Nós Vos oferecemos, Senhor, este sacrifício de reconciliação
e humildemente Vos suplicamos
que, pela intercessão da Virgem, Mãe de Deus, e de São José,
as nossas famílias se confirmem
na vossa paz e na vossa graça.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Prefácio do Natal
ANTÍFONA DA COMUNHÃO cf. Bar 3, 38
Deus apareceu na terra
e começou a viver no meio de nós.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Pai de misericórdia,
que nos alimentais neste divino sacramento,
dai-nos a graça de imitar continuamente
os exemplos da Sagrada Família,
para que, depois das provações desta vida,
vivamos na sua companhia por toda a eternidade.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
«A
Igreja vive da Palavra de Deus: escuta-a, celebra-a e a põe em prática».
ORAÇÃO BÍBLICA
Reza a PALAVRA do dia
1.
Leitura: Lê, respeita,
situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2. Meditação:
Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
-
Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3. Oração: Louva
o Senhor, suplica, escuta
-
Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra
LEITURA: Sir 3, 3-7.14-17a (gr. 2-6.12-14): A
palavra de Deus faz o elogio da vida familiar. O Filho de Deus, ao fazer-Se
homem, quis nascer e viver numa família humana. Foi ela a primeira família
cristã, modelo, a seu modo, de todas as demais. O amor de Deus em todos os
membros de uma família é condição fundamental para o crescimento, em paz, de
todos os que nela nascem e vivem, como no quadro que o sábio nos apresenta
nesta leitura.
Col
3, 12-21 :Desde o princípio que os cristãos compreenderam que
a sua fé se deve manifestar em toda a sua vida e muito particularmente na vida
de família; esta pode ter sempre diante dos olhos a Sagrada Família de Nazaré,
que constituiu a melhor experiência do que devem ser as nossas famílias.
Lc 2, 41-52: Um dos poucos episódios que os Evangelhos nos contam da vida da Sagrada Família de Nazaré mostra-nos a orientação profunda de Jesus para o Pai celeste e a descoberta progressiva que Maria e José iam fazendo da pessoa e do mistério de Jesus. Assim há de ser o progresso contínuo da vida da família cristã, vivida ela também sempre em relação a Jesus.
______________________
LEITURA DO EVANGELHO:
MEDITAÇÃO:
ORAÇÃO: Ajuda-nos, Senhor, a gostar de nós mesmos,
simplesmente porque tu nos amas.
AGENDA
09.30 horas: Missa em
Amieira do Tejo
10.00 horas: Misa em
Arez
10.45 horas: Missa em
Tolosa
11.00 horas: Missa em
Nisa
12.00 horas: Missa em
Gáfete
12.00 horas: Missa em
Alpalhão
15.30 horas: Missa em
Montalvão
15.30 horas: Missa no
Cacheiro
15.30 horas: Missa no
Arneiro.
A VOZ DO PASTOR
«A BOA POLÍTICA ESTÁ AO
SERVIÇO DA PAZ»
Mensagem do Papa Francisco
para a celebração do Dia Mundial da Paz
1º de janeiro de 2019
1. «A paz esteja nesta
casa!»
Jesus,
ao enviar em missão os seus discípulos, disse-lhes: «Em qualquer casa em que
entrardes, dizei primeiro: “A paz esteja nesta casa!” E, se lá houver um homem
de paz, sobre ele repousará a vossa paz; se não, voltará para vós» (Lc 10,
5-6).
Oferecer
a paz está no coração da missão dos discípulos de Cristo. E esta oferta é feita
a todos os homens e mulheres que, no meio dos dramas e violências da história
humana, esperam na paz.[1] A «casa», de que
fala Jesus, é cada família, cada comunidade, cada país, cada continente, na sua
singularidade e história; antes de mais nada, é cada pessoa, sem distinção nem
discriminação alguma. E é também a nossa «casa comum»: o planeta onde Deus nos
colocou a morar e do qual somos chamados a cuidar com solicitude.
Eis,
pois, os meus votos no início do novo ano: «A paz esteja nesta casa!»
2. O desafio da boa
política
A
paz parece-se com a esperança de que fala o poeta Carlos Péguy;[2] é como uma
flor frágil, que procura desabrochar por entre as pedras da violência. Como
sabemos, a busca do poder a todo o custo leva a abusos e injustiças. A política
é um meio fundamental para construir a cidadania e as obras do homem, mas,
quando aqueles que a exercem não a vivem como serviço à coletividade humana,
pode tornar-se instrumento de opressão, marginalização e até destruição.
«Se
alguém quiser ser o primeiro – diz Jesus – há de ser o último de todos e o
servo de todos» (Mc 9, 35). Como assinalava o Papa São Paulo VI, «tomar a sério
a política, nos seus diversos níveis – local, regional, nacional e mundial – é afirmar
o dever do homem, de todos os homens, de reconhecerem a realidade concreta e o
valor da liberdade de escolha que lhes é proporcionada, para procurarem
realizar juntos o bem da cidade, da nação e da humanidade».[3]
Com
efeito, a função e a responsabilidade política constituem um desafio permanente
para todos aqueles que recebem o mandato de servir o seu país, proteger as
pessoas que habitam nele e trabalhar para criar as condições dum futuro digno e
justo. Se for implementada no respeito fundamental pela vida, a liberdade e a
dignidade das pessoas, a política pode tornar-se verdadeiramente uma forma
eminente de caridade.
3.
Caridade e virtudes humanas para uma política ao serviço dos direitos humanos e
da paz
O
Papa Bento XVI recordava que «todo o cristão é chamado a esta caridade,
conforme a sua vocação e segundo as possibilidades que tem de incidência na
pólis. (…) Quando o empenho pelo bem comum é animado pela caridade, tem uma
valência superior à do empenho simplesmente secular e político. (…) A ação do
homem sobre a terra, quando é inspirada e sustentada pela caridade, contribui
para a edificação daquela cidade universal de Deus que é a meta para onde
caminha a história da família humana».[4] Trata-se de um
programa no qual se podem reconhecer todos os políticos, de qualquer afiliação
cultural ou religiosa, que desejam trabalhar juntos para o bem da família
humana, praticando as virtudes humanas que subjazem a uma boa ação política: a
justiça, a equidade, o respeito mútuo, a sinceridade, a honestidade, a
fidelidade.
A
propósito, vale a pena recordar as «bem-aventuranças do político», propostas
por uma testemunha fiel do Evangelho, o Cardeal vietnamita Francisco Xavier Nguyen
Van Thuan, falecido em 2002:
Bem-aventurado
o político que tem uma alta noção e uma profunda consciência do seu papel.
Bem-aventurado
o político de cuja pessoa irradia a credibilidade.
Bem-aventurado
o político que trabalha para o bem comum e não para os próprios interesses.
Bem-aventurado
o político que permanece fielmente coerente.
Bem-aventurado
o político que realiza a unidade.
Bem-aventurado
o político que está comprometido na realização duma mudança radical.
Bem-aventurado
o político que sabe escutar.
Bem-aventurado
o político que não tem medo.[5]
Cada
renovação nos cargos eletivos, cada período eleitoral, cada etapa da vida
pública constitui uma oportunidade para voltar à fonte e às referências que
inspiram a justiça e o direito. Duma coisa temos a certeza: a boa política está
ao serviço da paz; respeita e promove os direitos humanos fundamentais, que são
igualmente deveres recíprocos, para que se teça um vínculo de confiança e
gratidão entre as gerações do presente e as futuras.
4. Os vícios da
política
A
par das virtudes, não faltam infelizmente os vícios, mesmo na política, devidos
quer à inépcia pessoal quer às distorções no meio ambiente e nas instituições.
Para todos, está claro que os vícios da vida política tiram credibilidade aos
sistemas dentro dos quais ela se realiza, bem como à autoridade, às decisões e
à ação das pessoas que se lhe dedicam. Estes vícios, que enfraquecem o ideal
duma vida democrática autêntica, são a vergonha da vida pública e colocam em
perigo a paz social: a corrupção – nas suas múltiplas formas de apropriação
indevida dos bens públicos ou de instrumentalização das pessoas –, a negação do
direito, a falta de respeito pelas regras comunitárias, o enriquecimento
ilegal, a justificação do poder pela força ou com o pretexto arbitrário da
«razão de Estado», a tendência a perpetuar-se no poder, a xenofobia e o
racismo, a recusa a cuidar da Terra, a exploração ilimitada dos recursos
naturais em razão do lucro imediato, o desprezo daqueles que foram forçados ao
exílio.
5.
A boa política promove a participação dos jovens e a confiança no outro
Quando
o exercício do poder político visa apenas salvaguardar os interesses de certos
indivíduos privilegiados, o futuro fica comprometido e os jovens podem ser
tentados pela desconfiança, por se verem condenados a permanecer à margem da
sociedade, sem possibilidades de participar num projeto para o futuro. Pelo
contrário, quando a política se traduz, concretamente, no encorajamento dos
talentos juvenis e das vocações que requerem a sua realização, a paz propaga-se
nas consciências e nos rostos. Torna-se uma confiança dinâmica, que significa
«fio-me de ti e creio contigo» na possibilidade de trabalharmos juntos pelo bem
comum. Por isso, a política é a favor da paz, se se expressa no reconhecimento
dos carismas e capacidades de cada pessoa. «Que há de mais belo que uma mão
estendida? Esta foi querida por Deus para dar e receber. Deus não a quis para
matar (cf. Gn 4, 1-16) ou fazer sofrer, mas para cuidar e ajudar a viver.
Juntamente com o coração e a inteligência, pode, também a mão, tornar-se um
instrumento de diálogo».[6]
Cada
um pode contribuir com a própria pedra para a construção da casa comum. A vida
política autêntica, que se funda no direito e num diálogo leal entre os
sujeitos, renova-se com a convicção de que cada mulher, cada homem e cada
geração encerram em si uma promessa que pode irradiar novas energias
relacionais, intelectuais, culturais e espirituais. Uma tal confiança nunca é
fácil de viver, porque as relações humanas são complexas. Nestes tempos, em
particular, vivemos num clima de desconfiança que está enraizada no medo do
outro ou do forasteiro, na ansiedade pela perda das próprias vantagens, e
manifesta-se também, infelizmente, a nível político mediante atitudes de
fechamento ou nacionalismos que colocam em questão aquela fraternidade de que o
nosso mundo globalizado tanto precisa. Hoje, mais do que nunca, as nossas
sociedades necessitam de «artesãos da paz» que possam ser autênticos
mensageiros e testemunhas de Deus Pai, que quer o bem e a felicidade da família
humana.
6. Não à guerra nem à
estratégia do medo
Cem
anos depois do fim da I Guerra Mundial, ao recordarmos os jovens mortos durante
aqueles combates e as populações civis dilaceradas, experimentamos – hoje,
ainda mais que ontem – a terrível lição das guerras fratricidas, isto é, que a
paz não pode jamais reduzir-se ao mero equilíbrio das forças e do medo. Manter
o outro sob ameaça significa reduzi-lo ao estado de objeto e negar a sua
dignidade. Por esta razão, reiteramos que a escalada em termos de intimidação,
bem como a proliferação descontrolada das armas são contrárias à moral e à
busca duma verdadeira concórdia. O terror exercido sobre as pessoas mais
vulneráveis contribui para o exílio de populações inteiras à procura duma terra
de paz. Não são sustentáveis os discursos políticos que tendem a acusar os
migrantes de todos os males e a privar os pobres da esperança. Ao contrário,
deve-se reafirmar que a paz se baseia no respeito por toda a pessoa,
independentemente da sua história, no respeito pelo direito e o bem comum, pela
criação que nos foi confiada e pela riqueza moral transmitida pelas gerações
passadas.
O
nosso pensamento detém-se, ainda e de modo particular, nas crianças que vivem
nas zonas atuais de conflito e em todos aqueles que se esforçam por que a sua
vida e os seus direitos sejam protegidos. No mundo, uma em cada seis crianças
sofre com a violência da guerra ou pelas suas consequências, quando não é
requisitada para se tornar, ela própria, soldado ou refém dos grupos armados. O
testemunho daqueles que trabalham para defender a dignidade e o respeito das
crianças é extremamente precioso para o futuro da humanidade.
7. Um grande projeto de
paz
Celebra-se,
nestes dias, o septuagésimo aniversário da Declaração Universal dos Direitos
Humanos, adotada após a II Guerra Mundial. A este respeito, recordemos a
observação do Papa São João XXIII: «Quando numa pessoa surge a consciência dos
próprios direitos, nela nascerá forçosamente a consciência do dever: no titular
de direitos, o dever de reclamar esses direitos, como expressão da sua
dignidade; nos demais, o dever de reconhecer e respeitar tais direitos».[7]
Com
efeito, a paz é fruto dum grande projeto político, que se baseia na
responsabilidade mútua e na interdependência dos seres humanos. Mas é também um
desafio que requer ser abraçado dia após dia. A paz é uma conversão do coração
e da alma, sendo fácil reconhecer três dimensões indissociáveis desta paz
interior e comunitária:
-
a paz consigo mesmo, rejeitando a intransigência, a ira e a impaciência e –
como aconselhava São Francisco de Sales – cultivando «um pouco de doçura para
consigo mesmo», a fim de oferecer «um pouco de doçura aos outros»;
-
a paz com o outro: o familiar, o amigo, o estrangeiro, o pobre, o
atribulado..., tendo a ousadia do encontro, para ouvir a mensagem que traz
consigo;
-
a paz com a criação, descobrindo a grandeza do dom de Deus e a parte de
responsabilidade que compete a cada um de nós, como habitante deste mundo,
cidadão e ator do futuro.
A
política da paz, que conhece bem as fragilidades humanas e delas se ocupa, pode
sempre inspirar-se ao espírito do Magnificat que Maria, Mãe de Cristo Salvador
e Rainha da Paz, canta em nome de todos os homens: A «misericórdia [do
Todo-Poderoso] estende-se de geração em geração sobre aqueles que O temem.
Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos
de seus tronos e exaltou os humildes (...), lembrado da sua misericórdia, como
tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência, para sempre» (Lc
1, 50-55).
Vaticano,
8 de dezembro de 2018.
Franciscus
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