sexta-feira, 23 de março de 2012

OÏES



o dia de hoje

Estava no programa e cumpriu-se que o dia de hoje seria com S. José  Freinademetz. Na verdade foi um que nos encheu. Como é que Deus foi buscar ao meio das montanhas um homem que foi um gigante da evangelização na China. Passou por perigos, foi perseguido, ridicularizado e, no final os cristãos tratam-no pelo nome de Padre Feliz. Quando começou o trabalho na missão havia 158 cristãos. No final da sua vida, após 30 anos de trabalho havia 40.000. Só num ano batizou 5000 adultos.
Nos próximos dias publicaremos algumas das suas cartas. São um testemunho de quem vive para a evangelização.

O dia de hoje foi grande, não só pelo encontro com as raízes do nosso ideal missionário, mas também pelo encontro de amigos e na admiração da natureza.


                     A beleza das montanhas
                     nevadas,
                           Passo Gardena
                           2160 metros






 Junto da Casa de Oïes
O contato dos amigos: Pe. Valente, Pe. Jorge Fernando e Pe. João Miguel

CATEQUESE DE ADULTOS


PARÓQUIA DE ALMODÔVAR


ATOS DOS APÓSTOLOS (II):
AS PRIMEIRAS COMUNIDADES  CRISTÃS

Autor:  Pe. José Maria Coelho

INTRODUÇÃO
1. Em todos os lugares por onde passavam, desde Jerusalém a Roma, iluminados e fortalecidos pelo Espírito Santo, os Apóstolos davam testemunho de Jesus e proclamavam o Evangelho (Boa Nova) da salvação. E havia sempre um grupo de pessoas, mais ou menos numeroso, que aderia à sua pregação, que acreditava no Senhor Jesus e que recebia o batismo. Deste modo, surgiram, um pouco por toda a parte, as primeiras comunidades cristãs.
2. Existe, da nossa parte, uma certa curiosidade e um certo interesse em saber como viviam os cristãos dos primeiros tempos da Igreja: aqueles que tiveram o privilégio de receber a pregação e o testemunho de quem viveu e acompanhou o próprio Jesus.
                Partindo das informações fornecidas pelo livro dos Actos dos Apóstolos, pretendemos apresentar, de um modo simples e breve, esse modo de vida das comunidades cristãs primitivas, bem como o seu impacto no mundo pagão que as rodeava.
·        Características da Comunidade Cristã ideal

·         A primeira comunidade numerosa que Lucas refere é a de Jerusalém. O autor do livro dos Atos regista que, após o discurso de Pedro proferido no dia de Pentecostes, cerca de três mil pessoas acolheram a sua palavra e receberam o batismo (2, 41). Imediatamente a seguir (2, 42-47), Lucas oferece-nos um resumo sobre o modo como viviam os cristãos dos primórdios da Igreja. É claro que não se refere só aos cristãos de Jerusalém.
·         Ele tem em mente as muitas comunidades que já existiam no momento em que escreve o seu livro. Uma descrição semelhante é feita em At 4, 32-34. Através destes textos, Lucas apresenta um modelo de vida cristã que pode servir como ponto de referência (não necessariamente de imitação) aos cristãos de todos os tempos.
·         Antes demais, impressiona-nos a unidade que existia entre os cristãos: «A multidão dos que haviam acreditado tinham um só coração e uma alma» (4, 32). Aqueles que viviam animados pela mesma fé, que se encontravam unidos ao mesmo Senhor Jesus Cristo, que experimentavam na sua vida o amor salvífico de Deus, esses viviam em sintonia, em comunhão uns com os outros. Essa unidade, esse comum sentir e viver tornam-se visíveis e fortificam-se na oração em comum, na fração do pão e na partilha dos bens.
·         Este modo de vida parece ser a concretização do ideal de comunhão que Jesus quer que exista entre todos os seus discípulos e que Ele manifestou na oração ao Pai: «...a fim de que todos sejam um... para que o mundo creia que Tu me enviaste» (Jo 17, 21). A credibilidade de Jesus e da sua mensagem, diante dos homens de todos os tempos, passa pela unidade existente entre os que acreditam no Seu nome – os cristãos.

1.2.  «… Eram assíduos ao ensinamento dos Apóstolos» (2, 42)

·         A fé nasce da escuta da Palavra, do anúncio do Evangelho. No entanto, é necessário aprofundar e esclarecer a fé. Só assim, ela se tornará cada vez mais forte e operante. Daí, a exigência de continuar a frequentar o ensinamento dos Apóstolos. Não basta o primeiro anúncio do Evangelho, é necessária a catequese, a pregação, o estudo pessoal.
·        Como os primeiros cristãos, também nós devemos ter humildade para continuar a aprender, para procurar conhecer sempre melhor a razão de ser da nossa fé e da nossa vida cristã.
1.3. «... Eram assíduos... à comunhão fraterna» (2, 42)
·         Esta comunhão fraterna é explicitada no v. 44: «...Punham tudo em comum: vendiam as suas propriedades e bens e dividiam-nos entre todos, segundo as necessidades de cada um».
·         Aqueles que estão unidos pela mesma fé e pelo mesmo amor, põem tudo em comum. A comunhão de fé e de amor torna-se visível e credível quando passa pela partilha dos próprios bens materiais, quando as pessoas estão atentas e abertas às reais necessidades do seu semelhante. Em razão desta partilha e solidariedade, «não havia entre eles necessitado algum» (4, 34). Vivendo deste modo, os cristãos ensinavam aos seus contemporâneos que todos os bens da terra foram criados por Deus e se destinam a todos os homens.
·         Ninguém pode considerar, como exclusivamente seus, os bens que possui! Eis um princípio importante a ter presente também hoje! Mas a comunhão fraterna não consiste apenas em dar bens materiais. Ela implica a doação de si mesmo: ser e viver com os outros e para os outros. Os cristãos sentem-se irmãos uns dos outros, porque estão unidos pela mesma fé em Jesus Cristo. Como consequência, eles encontram-se envolvidos na mesma aventura existencial e comprometidos no mesmo projeto de Deus.

1.4. «…Eram assíduos à fração do pão» (2, 42)
Com estas palavras, o autor dos Atos quer dizer-nos que os cristãos participavam frequentemente na Eucaristia. A expressão «fração do pão» está ligada ao gesto que Jesus realizou na última ceia, quando instituiu a Eucaristia: «E tomou o pão, deu graças, partiu-o... dizendo: ‘Isto é o meu corpo’» (Lc 22, 19). Nos primeiros tempos da vidada Igreja, a Eucaristia (a fração do pão) tinha lugar durante uma verdadeira refeição.
1.5. «…eram assíduos às orações» (2, 42)
Para além da Eucaristia, os cristãos «eram assíduos às orações» (2, 42). No início, no que se refere aos cristãos provenientes do judaísmo, eles tomavam parte nas orações do povo e continuaram a frequentar o Templo. Assim, em At 3, 1, lemos: «Pedro e João subiam ao Templo para a oração da hora nona» (três horas da tarde).  
          Em razão da sua especificidade, o Cristianismo comportava novas exigências de vida espiritual. A fé no Deus de Jesus Cristo implicava um novo tipo de relação com Deus, também ao nível da oração.
           Assim encontramos os cristãos expressamente reunidos para rezarem. É importante realçar a oração em comum, como um momento privilegiado da vida da Comunidade Cristã.
1.6. «...gozavam da simpatia de todo o povo» (2, 47)
          Os cristãos distinguiam-se ainda pela «alegria e simplicidade de coração»(2, 46). Encontrando em Jesus Cristo o verdadeiro sentido da sua vida, eles experimentavam e testemunhavam a alegria da salvação. Aquele que se sente amado por Deus, aquele que conhece o rumo e a meta da sua vida, aquele que se sente amado, compreendido e ajudado pela comunidade dos crentes, esse é a pessoa autenticamente feliz.
          E, na verdade, é a alegria que torna credível o cristianismo e lhe dá um rosto atraente. Podemos mesmo dizer que a alegria dos cristãos tem uma força missionária. Com efeito, os cristãos «gozavam da simpatia de todo o povo» (2, 47) e em cada dia o Senhor acrescentava o número dos que acreditavam em Jesus.
2. A outra face das Comunidades Cristãs
1. Lucas quis idealizar a comunidade cristã das origens. No entanto, e o próprio livro dos Atos permite-nos tirar essa conclusão, nem todos viviam desse modo. No capítulo 5, 1-11, deparamo-nos com um caso que desmente a universalidade da partilha dos bens. Ananias e Safira venderam uma propriedade. De comum acordo, retiveram parte da importância para eles e entregaram a outra parte aos Apóstolos, afirmando que era todo o valor da propriedade.
          O mal de Ananias e Safira não está em entregar apenas uma parte. Como Pedro dá a entender, uma vez que o terreno lhes pertencia, eles podiam ter ficado com tudo. O mal está em terem mentido. E não mentiram apenas aos homens, mentiram também ao Espírito Santo. Como consequência desta atitude, Ananias e Safira são expulsos do seio da comunidade. Esta exclusão é entendida como uma morte. Por isso mesmo se diz que morreram e foram levados para fora. Quem não é fiel ao Espírito, que é Espírito de verdade, não pode permanecer no interior da Igreja, não pode fazer parte da comunidade cristã.
          O egoísmo de Ananias e Safira opõe-se à comunhão fraterna. Este egoísmo vem também lembrar-nos que, desde os seus começos, a Igreja é formada por pessoas santas e pecadoras.
2. À medida que a Igreja primitiva cresce, surgem também alguns conflitos no seu interior. E não nos devemos admirar disso. De resto, esses conflitos, não raras vezes, são ocasião para um desenvolvimento benéfico. É nessa perspetiva que devemos encarar a crise que é provocada pelos cristãos de origem helenista (pagã) – (6,1s).
          Estes queixam-se, porque não é prestada a assistência devida às suas viúvas. Para resolver esta situação, os Apóstolos escolhem 7 homens – os diáconos, os quais ficam com o encargo de atender as necessidades materiais dos cristãos. Esta preocupação é de um grande alcance. Ela diz-nos que a Igreja não se interessa apenas por salvar a alma, mas tem em vista o bem integral do homem.
          Os diáconos não se limitarão ao serviço das mesas. Eles dedicar-se-ão também à pregação do Evangelho. No último encontro, nós vimos o diácono Filipe a anunciar o Evangelho na Samaria e ao Etíope.
3. Os cristãos são chamados a identificarem-se com Jesus no sofrimento, nas perseguições e na morte

          Ainda, segundo o que nos diz o autor dos Actos dos Apóstolos, os discípulos de Jesus (os cristãos) são chamados a identificar-se com o Mestre também no sofrimento, nas perseguições e na morte. Jesus já os havia prevenido de tudo isso: «acautelai-vos dos homens: eles entregar-vos-ão aos sinédrios e flagelar-vos-ão nas suas sinagogas. E por causa de mim, sereis conduzidos à presença de governadores e de reis, para dardes testemunho perante eles e perante as nações» (Mt 10, 17-18).
·         A oposição aos cristãos virá, antes de mais, da parte dos judeus. Tal como perseguiram Jesus, também agora perseguem os cristãos por os considerarem uns renegados da religião judaica e das tradições dos seus antepassados. Mais tarde, e ainda quanto nos informa Lucas, também terão de enfrentar a oposição das autoridades romanas.
·         O livro dos Actos refere que os Apóstolos foram metidos na prisão em diversas ocasiões. Pedro e João têm de comparecer diante do sinédrio por terem curado um coxo (4,3-7).
·         O diácono Estêvão será martirizado (At 7). Igual sorte conhecerá o Apóstolo Tiago, morto às ordens de Herodes (12,1-2). Paulo, que antes fora um acérrimo perseguidor dos discípulos de Jesus, conhecerá também ele a oposição dos judeus e mesmo a prisão.
·         Podemos afirmar que os cristãos dos Actos entenderam e levaram bem a sério as palavras de Jesus: «Felizes sereis, quando vos injuriarem e vos perseguirem, e mentindo, disserem todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus» (Mt 5,12).
Conclusão
          Lucas termina o seu livro com a narração da chegada de Paulo a Roma, referindo que ele vivia em regime de prisão domiciliária à espera do seu julgamento (Paulo havia apelado para César).
          Seria de esperar que o livro se concluísse com a morte do Apóstolo. Mas não. Os Atos dos Apóstolos é um livro aberto, um livro que deve permanecer incompleto. É que a missão dos Apóstolos ainda continua. Continua na missão da Igreja, na missão de cada cristão. Enquanto existir o mundo dos homens, o mundo onde é preciso anunciar e testemunhar Jesus Cristo, não se pode escrever a conclusão do livro dos Atos dos Apóstolos!
          O egoísmo de Ananias e Safira opõe-se à comunhão fraterna. Este egoísmo vem também lembrar-nos que, desde os seus começos, a Igreja é formada por pessoas santas e pecadoras.

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