sexta-feira, 16 de março de 2012

A alegria de ser “bambu”


Conta uma antiga lenda chinesa que havia um lindo jardim, onde o seu Senhor costumava passear diariamente quando o calor apertava. Nesse jardim existia um lindo “bambu”, que era sem dúvida a planta mais bonita. Dia após dia, o bambu crescia e tornava-se cada vez mais gracioso. Mas, apesar disso, o bambu sentia que não era feliz... faltava-lhe alguma coisa.

Um dia, o Senhor, muito preocupado, aproximou-se da sua árvore muito querida e o bambu com grande veneração baixou a cabeça. O Senhor disse-lhe: “Meu querido bambu, vou precisar de ti!” O bambu sentiu que tinha chegado o seu momento, o dia para o qual tinha nascido. Com grande alegria, mas baixinho, respondeu: “Estou pronto, Senhor, faz de mim o que quiseres.”

 “Bambu, para servir-me de ti, é necessário abater-te”, disse o Senhor em voz séria.

O bambu ficou assustado e respondeu: “Abater-me, Senhor, depois de me teres tornado na árvore mais bonita do teu jardim? Não, por favor, não faças isso! Usa-me para tua alegria, mas, por favor, não me abatas.”

“Meu querido bambu, sem abater-te não te poderei usar”, disse-lhe o Senhor.

Fez-se um grande silêncio. O vento parou de soprar e os passarinhos de cantar. Então o bambu baixou ainda mais a cabeça e suspirou: “Senhor, se não me podes usar sem que me abatas, então faz de mim o que quiseres.”

 “Meu querido bambu, não devo somente abater-te, mas devo também cortar as tuas folhas e os ramos”, disse-lhe o Senhor.

 “O Senhor, não faças isso comigo... deixa-me ao menos as folhas e os ramos”, suplicou o bambu.

“Se não queres que os corte, não poderei usar-te.” Neste momento o Sol escondeu-se e os passarinhos voaram para longe. Então o bambu, já com uma voz muito fraca, disse: “Senhor, então corta-me as folhas e os ramos, se assim achares necessário.”

“Meu querido, tenho ainda que fazer uma outra coisa. Devo rachar-te em duas partes e arrancar-te o coração. Se não o fizer, não te poderei usar.”

O bambu ficou sem palavras e baixou a sua linda cabeleira até ao chão.

O Senhor do jardim abateu o bambu, cortou os ramos, tirou as folhas, rachou-o em duas partes e arrancou-lhe o coração. Em seguida levou-o à fonte de água fresca, próxima dos campos secos. Ali, muito cuidadosamente, o Senhor colocou o bambu no chão. Uma extremidade do tronco foi ligada à fonte de água, outra foi virada para o campo seco.

Da fonte jorrava água, a água passava através do bambu oco e chegava alegre ao campo seco que há muito suspirava por aquela água fresca. Em seguida foi plantado o arroz. Os dias passaram, a semente cresceu e o tempo da colheita chegou. Assim o maravilhoso bambu tornou-se uma grande bênção para aqueles campos secos devido à sua grande generosidade e humildade.

Grande e plena foi a alegria do bambu e finalmente sentiu-se realizado. Enquanto era jovem e bonito, o bambu vivia e crescia só para si mesmo e amava somente a sua beleza e bem-estar. Numa palavra, era egoísta. Depois, pelo contrário, despojado de toda a sua beleza, inclusive da sua própria vida, tornou-se num canal, que o Senhor usou para tornar fecundos e férteis os seus campos.

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