Nota Histórica
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Aguerrido perseguidor dos
discípulos de Jesus, Paulo dirigia-se para Damasco, quando, inesperadamente,
o Senhor Ressuscitado lhe aparece e Se lhe revela. Vencido pela graça,
entrega-se, incondicionalmente a Cristo, que o escolhe para Seu apóstolo
e o encarrega de anunciar o Evangelho, em pé de igualdade com os Doze.
Este encontro marcou profundamente a vida, o pensamento e a ação deste
Apóstolo. Paulo descobriu, nesse momento, o poder extraordinário da
graça, poder capaz de transformar um perseguidor em Apóstolo. Descobriu,
igualmente, que Jesus Ressuscitado Se identifica com os cristãos («Porque
Me persegues?»).
Mas este acontecimento foi também de importância decisiva para o
desenvolvimento da Igreja. O convertido de Damasco, na verdade, será o
Apóstolo que mais virá a contribuir para a expansão missionária da Igreja
entre os povos pagãos.
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Missa
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ANTÍFONA DE ENTRADA cf. 2 Tim 1, 12; 4, 8
Eu sei em quem pus a minha confiança
e sei que o Senhor, justo juiz,
me dará a recompensa no dia da sua vinda.
Diz-se o Glória.
ORAÇÃO COLETA
Senhor Deus, que instruístes o mundo inteiro
com a palavra do apóstolo São Paulo,
concedei a quantos celebramos hoje a sua conversão
a graça de caminharmos para Vós, como ele,
dando testemunho da vossa verdade no mundo.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I Act 22, 3-16
«Levanta-te, recebe o baptismo
e purifica-te dos teus pecados, invocando o seu nome»
Leitura
dos Atos dos Apóstolos
Naqueles dias, Paulo disse ao povo:
«Eu sou judeu e nasci em Tarso da Cilícia.
Fui, porém, educado nesta cidade de Jerusalém
e recebi na escola de Gamaliel
uma formação estritamente fiel à Lei dos nossos pais.
Era tão zeloso no serviço de Deus,
como vós todos sois hoje.
Persegui até à morte esta nova religião,
algemando e metendo na prisão homens e mulheres,
como podem testemunhar o Sumo Sacerdote e todo o Senado.
Recebi até, da parte deles,
cartas para os irmãos de Damasco
e para lá me dirigi,
com a missão de trazer algemados os que lá estivessem,
a fim de serem castigados em Jerusalém.
Sucedeu, porém, que, no caminho,
ao aproximar-me de Damasco, por volta do meio-dia,
de repente brilhou ao redor de mim
uma intensa luz vinda do Céu.
Caí por terra e ouvi uma voz que me dizia:
‘Saulo, Saulo, porque Me persegues?’.
Eu perguntei: ‘Quem és Tu, Senhor?’.
E Ele respondeu-me:
‘Eu sou Jesus Nazareno, a quem tu persegues’.
Os meus companheiros viram a luz,
mas não ouviram a voz que me falava.
Então perguntei: ‘Que hei-de fazer, Senhor?’.
E o Senhor disse-me:
‘Levanta-te e vai a Damasco;
lá te dirão tudo o que deves fazer’.
Como eu deixei de ver, por causa do esplendor daquela luz,
cheguei a Damasco guiado pelas mãos dos meus companheiros.
Entretanto, veio procurar-me certo Ananias,
homem piedoso segundo a Lei
e de boa fama entre todos os judeus que ali viviam.
Ele veio ao meu encontro
e, ao chegar junto de mim, disse-me:
‘Saulo, meu irmão, recupera a vista’.
E, no mesmo instante, pude vê-lo.
Ele acrescentou:
‘O Deus dos nossos pais destinou-te
para conheceres a sua vontade,
para veres o Justo e ouvires a voz da sua boca.
Tu serás sua testemunha diante de todos os homens,
acerca do que viste e ouviste.
Agora, porque esperas?
Levanta-te, recebe o baptismo
e purifica-te dos teus pecados, invocando o seu nome’».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 116
(117), 1.2 (R. Mc 16, 15)
Refrão: Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho.
Louvai o Senhor, todas as nações,
aclamai-O, todos os povos.
É firme a sua misericórdia para connosco,
a fidelidade do Senhor permanece para sempre.
ALELUIA cf. Jo 15, 16
Refrão: Aleluia. Repete-se
Eu vos escolhi do mundo, para que vades e deis fruto
e o vosso fruto permaneça, diz o Senhor. Refrão
EVANGELHO Mc 16, 15-18
«Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho»
Evangelho
de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo,
Jesus apareceu aos Onze e disse-lhes:
«Ide por todo o mundo
e pregai o Evangelho a toda a criatura.
Quem acreditar e for baptizado será salvo;
mas quem não acreditar será condenado.
Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem:
expulsarão os demónios em meu nome;
falarão novas línguas;
se pegarem em serpentes ou beberem veneno,
não sofrerão nenhum mal;
e quando impuserem as mãos sobre os doentes,
eles ficarão curados».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Desça sobre nós, Senhor, o vosso Espírito Santo,
na celebração dos divinos mistérios,
e nos ilumine com a luz da fé
que levou o apóstolo São Paulo
a anunciar ao mundo a vossa glória.
Por Nosso Senhor.
Prefácio dos Apóstolos I
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Gal 2, 20
Vivo na fé em Cristo, Filho de Deus,
que me amou e Se entregou por mim.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
A comunhão deste sacramento, Senhor,
faça crescer em nós o ardor da caridade do apóstolo São Paulo,
que trazia sempre em seu coração
a solicitude por todas as Igrejas.
Por Nosso Senhor.
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Liturgia das horas
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Das Homilias de São João
Crisóstomo, bispo
(Hom. 2 sobre os louvores de S. Paulo: PG 50, 477-480) (Sec. IV)
Por amor de Cristo, Paulo tudo
suportou
O que é o homem, quão grande é a dignidade da nossa
natureza e de quanta virtude é capaz a criatura humana, Paulo o mostrou
mais do que qualquer outro. Cada dia ele subia mais alto e aparecia mais
ardente, cada dia lutava com energia sempre nova contra os perigos que
lhe surgiam pela frente, de acordo com o que ele próprio afirmava:
Esqueço-me do que já passou e avanço para as coisas que estão à minha
frente.
Sentindo a morte já iminente, incitava os outros a comungarem da sua
alegria, dizendo: Alegrai-vos e congratulai-vos comigo; frente aos
perigos, às injúrias e aos insultos, igualmente se alegra, e escreve aos
Coríntios: Sinto complacência nas minhas enfermidades, nos ultrajes, nas
perseguições; porque sendo estas, segundo afirmava, as armas da justiça,
mostrava que disto lhe vinha um grande proveito.
No meio das insídias dos inimigos, conquistava contínuas vitórias,
triunfando de todos os seus assaltos. E, em todo o lado, sofrendo
pancadas, injúrias e maldições, como se fosse conduzido em cortejo
triunfal, cumulado de troféus, nelas se gloriava e dava graças a Deus,
dizendo: Sejam dadas graças a Deus, que sempre triunfa em nós.
Avançava ao encontro da humilhação e das ofensas que tinha de suportar
por causa da pregação, com mais entusiasmo do que o que pomos nós em
alcançar o prazer das honras; punha mais empenho na morte do que nós na
vida; ansiava mais pela pobreza do que nós pelas riquezas; e desejava
sempre mais o trabalho sem descanso do que nós o descanso depois do
trabalho. Uma única coisa o assustava e lhe metia medo: ofender a Deus; e
uma única coisa desejava: agradar sempre a Deus.
Só se alegrava no amor de Cristo, que era para ele o maior de todos os
bens; com isto considerava-se o mais feliz de todos os homens; sem isto
para nada lhe servia a amizade dos senhores e dos poderosos. Preferia ser
o último com este amor, isto é, ser do número dos réprobos, do que
encontrar-se no meio dos homens famosos pela consideração e pela honra,
mas privado do amor de Cristo.
Para ele, o maior e único tormento era separar-se deste amor; esta era a
sua geena, o seu único castigo, este o infinito e intolerável suplício.
Gozar do amor de Cristo era para ele a vida, o mundo, o anjo, o presente,
o futuro, o reino, a promessa, enfim, todos os bens; e fora disto, em
nada punha tristeza ou alegria. De tudo o que se pode ter neste mundo,
nada lhe era agradável ou desagradável.
Desprezava todas as coisas que admiramos, como se despreza a erva
apodrecida. Para ele, tanto os tiranos como as multidões enfurecidas eram
como mosquitos.
Considerava como jogos de crianças os mil suplícios, os tormentos e a
própria morte, contanto que pudesse sofrer alguma coisa por Cristo.
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