PARÓQUIA DE
ALMODÔvar
Sexta 16 de agosto
Esquema da página:
I.
Liturgia do dia
II.
Oração bíblica na base das leituras da Missa do dia
III.
Intenções do Apostolado da Oração para o mês corrente
IV.
Atividades paroquiais
Quarta da XIX semana do
Tempo Comum
Sexta
ANTÍFONA
DE ENTRADA Salmo 73, 20.19.22.23
Lembrai-Vos, Senhor, da vossa aliança,
não esqueçais para sempre a vida dos vossos fiéis.
Levantai-Vos, Senhor, defendei a vossa causa,
escutai a voz daqueles que Vos procuram.
ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente,
a quem podemos chamar nosso Pai,
fazei crescer o espírito filial em nossos corações
para merecermos entrar um dia na posse da herança prometida.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I (anos ímpares) Jos 24, 1-13
«Tirei o vosso pai do outro lado do Eufrates, fiz-vos sair do Egipto
e introduzi-vos nesta terra»
Lembrai-Vos, Senhor, da vossa aliança,
não esqueçais para sempre a vida dos vossos fiéis.
Levantai-Vos, Senhor, defendei a vossa causa,
escutai a voz daqueles que Vos procuram.
ORAÇÃO COLECTA
Deus eterno e omnipotente,
a quem podemos chamar nosso Pai,
fazei crescer o espírito filial em nossos corações
para merecermos entrar um dia na posse da herança prometida.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
LEITURA I (anos ímpares) Jos 24, 1-13
«Tirei o vosso pai do outro lado do Eufrates, fiz-vos sair do Egipto
e introduzi-vos nesta terra»
Leitura do Livro de Josué
Naqueles dias, Josué reuniu todas as tribos de Israel em Siquém. Convocou os anciãos de Israel, os chefes, os juízes e os magistrados, que se apresentaram diante de Deus. Josué disse então a todo o povo: «Assim fala o Senhor, Deus de Israel: ‘Os vossos antepassados, até Terá, pai de Abraão e de Nacor, habitavam outrora para além do rio Eufrates e serviam outros deuses. Tirei Abraão, vosso pai, do outro lado do Eufrates, fiz que ele atravessasse toda a terra de Canaã e multipliquei a sua descendência. Dei-lhe um filho, Isaac, e a Isaac dei Jacob e Esaú. Concedi a Esaú a região montanhosa de Seir, mas Jacob e os seus filhos desceram para o Egipto. Depois enviei Moisés e Aarão, castiguei o Egipto com os prodígios que nele realizei e fiz que saísseis de lá. Tirei do Egipto os vossos pais e chegastes até ao mar. Os egípcios perseguiram os vossos pais com carros e cavaleiros até ao Mar Vermelho. Mas eles clamaram ao Senhor e o Senhor estendeu trevas entre vós e os egípcios e fez com que o mar fosse contra eles e os submergisse. Os vossos olhos viram o que fiz no Egipto; e depois disto passastes longo tempo no deserto. Do deserto levei-vos à terra dos amorreus, que habitavam além do Jordão. Eles vieram combater-vos, mas Eu entreguei-os nas vossas mãos; e assim tomastes posse da sua terra, porque Eu os destruí diante de vós. A seguir apareceu Balac, filho de Sipor, rei de Moab, que combateu contra Israel e mandou chamar Balaão, filho de Beor, para vos amaldiçoar. Mas Eu não quis ouvir Balaão; ele teve de vos abençoar e assim vos salvei das suas mãos. Por fim atravessastes o Jordão e chegastes a Jericó. Combateram contra vós os que dominavam a cidade - os amorreus e os perezeus, os cananeus e os hititas, os girgasitas, os hevitas e os jebuseus - mas Eu entreguei-os nas vossas mãos. Até mandei vespas à vossa frente, para expulsarem diante de vós os dois reis amorreus. Não foi com a vossa espada nem com o vosso arco que tudo isto foi feito. Dei-vos uma terra que não cultivastes, cidades que não construistes e onde agora habitais, vinhas e olivais que não plantastes e de que vos alimentais’».
Palavra do Senhor.
SALMO RESPONSORIAL Salmo 135 (136), 1-3.16-18.21-22 e 24
Refrão: É eterna a sua bondade. Repete-se
Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom:
é eterna a sua bondade.
Dai graças ao Deus dos deuses:
é eterna a sua bondade.
Dai graças ao Senhor dos senhores:
é eterna a sua bondade. Refrão
Conduziu o seu povo através do deserto:
é eterna a sua bondade.
Feriu grandes reis:
é eterna a sua bondade.
Matou reis poderosos:
é eterna a sua bondade. Refrão
Deu a terra deles em herança:
é eterna a sua bondade.
Em herança a Israel, seu povo:
é eterna a sua bondade.
E libertou-nos dos nossos opressores:
é eterna a sua bondade. Refrão
ALELUIA cf. 1 Tes 2, 13
Refrão: Aleluia. Repete-se.
Escutai o que diz o Senhor,
não como palavra dos homens,
mas como palavra de Deus. Refrão
EVANGELHO Mt 19, 3-12
«Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés vos permitiu repudiar as vossas mulheres. Mas no princípio não foi assim»
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, aproximaram-se de Jesus alguns fariseus para O porem à prova e disseram-Lhe: «É permitido ao homem repudiar a sua esposa por qualquer motivo?». Jesus respondeu: «Não lestes que o Criador, no princípio, os fez homem e mulher e disse: ‘Por isso o homem deixará pai e mãe para se unir à sua esposa e serão os dois uma só carne?’. Deste modo, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu». Eles objetaram: «Porque ordenou então Moisés que se desse um certificado de divórcio para se repudiar a mulher?». Jesus respondeu-lhes: «Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés vos permitiu repudiar as vossas mulheres. Mas no princípio não foi assim. E Eu digo-vos: Quem repudiar a sua mulher, a não ser em caso de união ilegítima, e casar com outra, comete adultério». Disseram-Lhe os discípulos: Se é esta a situação do homem em relação à mulher, não é conveniente casar-se». Jesus respondeu-lhes: «Nem todos compreendem esta linguagem, senão aquele a quem é concedido. Na verdade, há eunucos que nasceram assim do seio materno, outros que foram feitos pelos homens e outros que se tornaram eunucos por causa do reino dos Céus. Quem puder compreender, compreenda».
Palavra da salvação.
ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai benignamente, Senhor,
os dons que Vós mesmo concedestes à vossa Igreja
e transformai-os, com o vosso poder,
em sacramento da nossa salvação.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
ANTÍFONA DA COMUNHÃO Salmo 147,12.14
Louva, Jerusalém, o Senhor,
que te saciou com a flor da farinha.
Ou Jo 6, 52
O pão que Eu vos darei, diz o Senhor,
é a minha carne pela vida do mundo.
ORAÇÃO DEPOIS DA COMUNHÃO
Nós Vos pedimos, Senhor,
que a comunhão do vosso sacramento nos salve
e nos confirme na luz da vossa verdade.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
«Não separe o homem o
que Deus uniu».
jesus
MÉTODO DE ORAÇÃO BÍBLICA
1.
Leitura: Lê, respeita, situa o que lês
- Detém-te no conteúdo de fé e da passagem que leste
2.
Meditação: Interioriza, dialoga, atualiza o que leste
- Deixa que a passagem da Palavra de Deus que leste “leia a tua vida”
3.
Oração: Louva o Senhor, suplica, escuta
- Dirige-te a Deus que te falou através da Sua Palavra
Leitura: Jos 24, 1-:Uma vez chegado à Terra
Prometida, Josué, numa grande assembleia, recorda ao povo as grandes maravilhas
que Deus tinha feito em seu favor, para que ele se lembre delas, as reconheça,
louve a Deus por todas elas e Lhe seja fiel. Os acontecimentos que ouvimos ler
na história da salvação querem fazer-nos tomar consciência de tudo o que Deus,
através de todos os tempos, tem feito ao seu povo para o conduzir pelo caminho
da salvação, e despertar em nós o espírito de louvor e de ação de graças.
Mt 19, 3-12:Jesus afirma a indissolubilidade do
matrimónio e exalta o celibato escolhido por amor do reino de Deus, e que é dom
do mesmo Deus. O campo onde tão frequentemente se afirma o egoísmo humano, o
das opções do coração, é também aquele onde mais se hão-de mostrar as atitudes
da fé e do verdadeiro amor, que vencerá toda a espécie de divórcios.
ORAÇÃO: Deus eterno e omnipotente, a quem podemos chamar nosso Pai, fazei crescer o espírito filial em nossos corações.
INTENÇÕES DO SANTO PADRE - AGOSTO
Intenção Geral
Pais e educadores
Para que os pais e educadores ajudem as novas gerações a crescer com uma consciência reta e numa vida coerente.
Pais e educadores
Para que os pais e educadores ajudem as novas gerações a crescer com uma consciência reta e numa vida coerente.
Intenção Missionária
Igrejas em África, promotoras da justiça
Para que as Igrejas locais em África, fiéis ao Evangelho, promovam a construção da paz e da justiça.
Igrejas em África, promotoras da justiça
Para que as Igrejas locais em África, fiéis ao Evangelho, promovam a construção da paz e da justiça.
ATIVIDADES PAROQUIAIS
09.00
horas: Missa em Almodôvar
Na linha das
leituras da Missa de hoje, apresentamos a íntegra o documento dos Bispos
portugueses sobre a família:
A força da família em tempos de crise
Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa
A família, um bem social
1.
Consideramos
da maior oportunidade, no atual contexto da sociedade portuguesa, atravessada por
uma crise social e económica de particular gravidade, que se traduz para muitos
em desalento e falta de perspetivas de futuro, colocar em relevo o bem
insubstituível que representa a instituição familiar, «origem e património da
humanidade» (Bento XVI).
A
família representa um bem público, um bem social. Podemos encará-la na
perspetiva do seu relevo privado, como um bem para a realização pessoal, no
plano afetivo, espiritual ou outros, de cada um dos seus membros. Mas devemos
também encará-la na perspetiva do seu relevo social, do bem que representa para
a sociedade no seu todo. Podemos caracterizá-la como a fonte básica do capital
humano, social e espiritual de uma sociedade, a que assegura o seu futuro e o
seu crescimento harmonioso. A saúde e coesão de uma sociedade dependem, por isso,
da saúde e coesão da família.
Só
a família concebida a partir do compromisso definitivo entre um homem e uma
mulher pode desempenhar esta função social. As alterações legislativas que,
entre nós como noutros países, vêm redefinindo o casamento de forma a nele incluir
uniões de pessoas do mesmo sexo, esquecem esta verdade fundamental.
A
família é a primeira e mais básica das instituições sociais, antes de mais
porque assegura a renovação das gerações, sendo a primeira função de qualquer
comunidade a de assegurar a sua própria sobrevivência e renovação. E cumpre
essa função porque representa o contexto mais adequado e harmonioso para a
educação das novas gerações.
A
família é o santuário da vida e do amor, lugar da manifestação de «uma grande
ternura, que não é a virtude dos fracos, antes pelo contrário denota fortaleza
de ânimo e capacidade de solicitude, de compaixão, de verdadeira abertura ao
outro, de amor. Não devemos ter medo da bondade, da ternura» (Papa Francisco).
Razões da insubstituível
importância da família
1.
Na
família respeita-se a dignidade da pessoa humana, esta é encarada como ser
único e irrepetível. Nela não há lugar para o anonimato. Nela a pessoa é
acolhida e amada pelo que é, não pelo que faz ou pelo que produz.
Por isso, o contexto familiar é aquele em que os mais vulneráveis, incluindo os
doentes e portadores de deficiência, não deixam de ser valorizados.
A
família é a primeira e mais básica escola de sociabilidade. Nela se aprende a
convivência com o outro e o diferente; o homem é diferente da
mulher, os irmãos nunca são iguais, e os filhos nunca são o reflexo da imagem
dos pais.
Na
família a solidariedade não é imposta, é espontânea e calorosa. Ela é o campo
privilegiado da gratuidade, do dom desinteressado, onde espontaneamente se dá sem
esperar nada em troca e com a maior das alegrias.
Na
família a autoridade é exercida como serviço e por amor.
A
renovação das gerações no seio da família também permite a mais harmoniosa
aliança entre a tradição e a novidade. As gerações mais velhas transmitem às
gerações mais novas, como a sua mais preciosa herança, aqueles valores perenes
que não estão sujeitos à usura do tempo e não passam com as modas. As gerações
mais novas representam a abertura ao novo, ao dinamismo e à criatividade, que
tornam vivos esses valores perenes.
Num
outro aspeto a família representa o contexto mais adequado e harmonioso para o crescimento
e educação das novas gerações. A família nasce da unidade e complementaridade das
dimensões masculina e feminina, que cooperam, nessa unidade e
complementaridade,
para
a integridade da educação humana.
O
casamento, como união entre um homem e uma mulher, tem representado nas
sociedades e culturas mais diversificadas um símbolo dessa riqueza que
representa a dualidade sexual, da unidade dessa diversidade. A mensagem bíblica
exprime-o com as palavras do Génesis:
«Deus
os criou homem e mulher … e viu que a sua obra era muita boa…». Esta
riqueza da dualidade sexual, da unidade e complementaridade dos dois sexos,
está presente na família e, por seu intermédio, deve penetrar em toda a
sociedade. Todos os âmbitos da vida social ganham com o contributo simultâneo,
diversificado e harmónico das especificidades masculina e feminina, que são
complexas, não são rígidas e uniformes, mas são uma insubstituível riqueza.
A família e a
crise económica e social
2.
A
crise económica e social que o nosso país atravessa vem evidenciando,
precisamente, a riqueza que representa a família. Tem sido a solidariedade
familiar, que se traduz em solidariedade entre gerações, em muitos casos, o
primeiro e mais seguro apoio de quem se vê a braços com o desemprego, ou a
queda abrupta de rendimentos, com a consequente incapacidade de fazer face a
compromissos assumidos que se destinam à satisfação de necessidades familiares
essenciais, como a da habitação.
Mas
esse apoio não é suficiente. A crise também evidencia que a comunhão e
solidariedade que se vivem no seio da família não pode limitar-se ao seu âmbito
interno. A família não pode fechar-se sobre si. Esse espírito de comunhão e
solidariedade deve partir da família e alargar-se à sociedade inteira. Deve
traduzir-se na entreajuda entre várias famílias. As experiências de muitas
comunidades cristãs são já disso testemunho, mas não é demais salientar a
necessidade de se multiplicarem essas experiências de partilha entre famílias.
Na
raiz da crise que atravessamos estão fracassos de um modelo económico assente
na maximização do lucro e do consumo. Afirma Bento XVI na sua mensagem para o
Dia Mundial da Paz deste ano (n. 5): «O modelo que prevaleceu nas últimas
décadas apostava na busca da maximização do lucro e do consumo, numa ótica
individualista e egoísta que pretendia avaliar as pessoas apenas pela sua
capacidade de dar resposta às exigências da competitividade. Olhando de outra
perspetiva, porém, o sucesso verdadeiro e duradouro pode ser obtido com a
dádiva de si mesmo, dos seus dotes intelectuais, da própria capacidade de iniciativa,
já que o desenvolvimento económico suportável, isto é, autenticamente humano tem
necessidade do princípio da gratuidade como expressão de fraternidade e da
lógica do dom».
A
gratuidade típica das relações familiares deve servir de modelo para este novo
paradigma de desenvolvimento económico.
A família e a
abertura à vida
3.
Talvez
o mais eloquente sinal de que a crise da instituição familiar se traduz em
malefícios sociais seja o da crise demográfica, que muitos consideram o mais
grave dos problemas sociais das sociedades europeias, numa perspetiva do seu
futuro mais ou menos próximo. As últimas estatísticas apontam Portugal como um
dos países com mais baixa taxa de natalidade em todo o mundo.
A família
abre-se, por desígnio natural, à vida.
Poderá
parecer irrealista salientar a importância desta abertura à vida no atual
contexto social, em que o desemprego e a precariedade laboral atingem de modo
particular os jovens. Este facto deve levar-nos a não nos resignarmos com esta
situação, como se ela fosse inevitável, como se a economia não devesse estar ao
serviço da pessoa humana, e fosse a pessoa humana a dever sujeitar-se às
exigências da economia. Salienta Bento XVI na encíclica Caritas in veritate
(n. 25), a propósito da instabilidade laboral, que quando «se torna
endémica a incerteza sobre as condições de trabalho, resultante dos processos
de mobilidade e desregulamentação, geram-se formas de instabilidade
psicológica, com dificuldade a construir
percursos
coerentes na própria vida, incluindo o percurso rumo ao matrimónio».
Mas,
por outro lado, a crise que atravessamos também é reflexo da crise demográfica.
Numa sociedade em envelhecimento, as despesas públicas serão cada vez maiores
em pensões, saúde, etc., e as receitas cada vez menores. Assim, o financiamento
do Estado há de ser cada vez mais problemático.
É
claro o bem que representa hoje a maior longevidade, o facto de os idosos
viverem mais tempo do que noutras épocas. O que é problemático não é isso; não
há idosos “a mais”, porque estes são sempre uma riqueza, e nunca um peso. O que
é problemático e causa desequilíbrios é que não nasçam crianças. Afirma ainda
Bento XVI na encíclica Caritas in veritate (n. 44): «A abertura
moralmente responsável à vida é uma riqueza social e económica. (…) A
diminuição dos nascimentos, situando-se por vezes abaixo do chamado “índice de substituição”,
põe em crise também os sistemas de assistência social, aumenta os seus custos,
contrai a acumulação de poupanças e, consequentemente, os recursos financeiros
necessários para os investimentos, reduz a disponibilização de trabalhadores
qualificados, restringe a reserva aonde ir buscar os “cérebros” para as
necessidades da nação. Além disso, as famílias de pequena e, às vezes, pequeníssima
dimensão correm o risco de empobrecer as relações sociais e de não garantir formas
eficazes de solidariedade. São situações que apresentam sintomas de escassa
confiança no futuro e de cansaço moral. Deste modo, torna-se uma necessidade
social, e mesmo económica, continuar a propor às novas gerações a beleza da
família e do matrimónio, a correspondência de tais instituições às exigências
mais profundas do coração e da dignidade da pessoa. Nesta perspetiva, os
Estados são chamados a instaurar políticas que promovam a centralidade e a
integridade da família, fundada no matrimónio entre um homem e uma mulher,
célula primeira e vital da sociedade, preocupando-se também com os seus
problemas económicos e fiscais, no respeito da sua natureza relacional».
Ajudam
a combater a crise da natalidade medidas fiscais, que promovam o emprego
juvenil, ou que facilitem a conciliação entre o trabalho e a vida familiar. Mas
o contributo decisivo para vencer a crise demográfica situa-se no plano da
cultura e da mentalidade. Há que superar o “cansaço moral” e a “falta de
confiança no futuro” a que alude a encíclica Caritas in veritate.
Saber que a vida é sempre um dom que compensa todos os sacrifícios – só com
esta consciência pode ser vencida a crise da natalidade.
Qualquer
mensagem de desvalorização da vida humana acarreta consequências negativas a este
respeito. Uma delas – sem dúvida a mais grave – é o aborto e sua banalização a
que vimos assistindo entre nós com a cobertura da lei vigente. Afirma, ainda,
sobre esta questão, a Caritas in veritate (n. 28): «Quando uma sociedade
começa a negar e a suprimir a vida, acaba por deixar de encontrar as motivações
e energias necessárias para trabalhar ao serviço do verdadeiro bem do homem. Se
se perde a sensibilidade pessoal e social ao acolhimento duma nova vida,
definham também outras formas de acolhimento úteis à vida social. O acolhimento
da vida revigora as energias morais e torna-nos capazes de ajuda recíproca».
A família, um
projeto duradouro
5.
Para vencer a crise demográfica, como em relação a muitos outros aspetos
relativos à sua função social, há que acreditar na família como um projeto
duradouro, assente num compromisso de doação total e não na volatilidade dos
sentimentos. Só nesse contexto é razoável a decisão de ter filhos. Se a saúde e
coesão da sociedade dependem da saúde e coesão da família, esta está
estritamente ligada à sua estabilidade.
Vai-se
generalizando, porém, a opção por formas de convivência marital precária, que recusam
esse compromisso; tal como é cada vez mais frequente o recurso ao divórcio, o
que a legislação vigente também não deixa de facilitar em extremo.
Salienta,
a este respeito, a exortação apostólica Familiaris consortio (n. 11), de
João Paulo II, que «a sexualidade diz respeito ao núcleo íntimo da pessoa
humana» e se realiza «de maneira verdadeiramente humana, somente se é parte
integral do amor com o qual homem e mulher se empenham totalmente um para com o
outro até à morte». A doação física total é verdadeira só na medida em que
envolve toda a pessoa, também na sua dimensão temporal, com a comunhão de
projetos para o futuro: «se a pessoa se reservasse alguma coisa ou a possibilidade
de decidir de modo diferente para o futuro, só por isto já não se doaria totalmente».
Esta totalidade corresponde também às exigências de uma fecundidade responsável,
a qual supõe o contributo contínuo do pai e da mãe para o crescimento harmonioso
dos filhos.
Por
isso, ainda segundo essa exortação apostólica (n. 11), «o “lugar” único, que
torna possível esta doação segundo a sua verdade total, é o matrimónio». Este
«não é uma ingerência indevida da sociedade ou da autoridade, nem a imposição
extrínseca de uma forma, mas uma exigência interior do pacto de amor conjugal
que publicamente se afirma como único e exclusivo, para que seja vivida assim a
plena fidelidade ao desígnio de Deus Criador».
Esta
fidelidade não mortifica a liberdade da pessoa, «põe-na em segurança em relação
ao subjetivismo e relativismo, fá-la participante da Sabedoria Criadora».
A
esta luz, não é demais lembrar a responsabilidade que representa a preparação,
mais remota e mais próxima, para o casamento. Uma preparação que envolve as
famílias, as instâncias educativas e a Igreja.
Importa,
ainda, salientar como, também neste aspeto, deve evitar-se que cada família se
veja sozinha a enfrentar dificuldades que possam conduzir à rutura. A
experiência de um casal que soube superar as suas dificuldades de
relacionamento pode servir de ajuda para outros que se confrontam com essas
dificuldades. Experiências de entreajuda entre famílias neste campo também
devem multiplicar-se no âmbito das comunidades cristãs.
E
se é verdade que a Igreja nunca deixará de proclamar a indissolubilidade do
casamento, antes de mais perante quem se prepara para o contrair, tal não pode
significar insensibilidade ou indiferença perante o sofrimento de quem
experimentou um fracasso matrimonial, independente de qualquer juízo de culpa,
que até pode nem existir. A Igreja acolhe e acompanha com solicitude essas
pessoas.
Olhamos
com simpatia e apreço os movimentos e instituições que se preocupam e dedicam à
família, encarnando o amor de Deus e manifestando-lhe o rosto amável da Igreja.
A sociedade à
imagem da família
4.
Muitas
vezes a família é encarada como um refúgio que protege de um ambiente hostil da
sociedade que nos rodeia, um oásis de harmonia no meio do deserto, um espaço de
humanização no meio de um mundo desumanizado. E é assim de facto. Mas também podemos
encarar a família de outra perspetiva: como a fonte e o fermento de onde parte
a renovação da sociedade. É assim através dos filhos, que se devem proteger das
más influências da sociedade, mas que também a esta podem dar muito do que
recebem na família.
Os
valores que se vivem na família – a pessoa amada e acolhida como ser único e
irrepetível, o amor gratuito, a solidariedade espontânea, a autoridade como
serviço, o valor do doente e do idoso, a aliança da tradição e da inovação, a
unidade e complementaridade das dimensões masculina e feminina, a fidelidade e
o compromisso – devem estender-se, por seu intermédio, a toda a sociedade: às
empresas, aos serviços públicos, às escolas e hospitais, às comunidades eclesiais,
às associações. A família é o modelo, o dever ser de qualquer
convivência humana.
Num
contexto de crise económica e social, que para muitos se traduz em desalento e
falta de perspetivas de futuro, é esta a mensagem que queremos transmitir, como
antídoto a esse desalento e como ajuda à superação dessa crise: que a família
seja reconhecida e apoiada na missão social que só ela pode desempenhar.
Fátima,
11 de abril de 2013.
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